segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O QUE DARWIN QUERIA DIZER?



Joás de Jesus Ribeiro[1]

Resumo:

Com o avanço de descobertas cientificas no campo da genética, boa parte da teoria darwinista foi corroborada, principalmente no âmbito da comprovação de que seres humanos possui certo grau de parâmetro com primatas, assim como a descendência com espécies consideradas inferiores. Darwin trouxe grandes contribuições para áreas como geologia, paleontologia e biologia, mas no período que o naturalista viveu não existia projetos de pesquisas cientificas no modelo que  se conhece hoje, por isso a obra ultrapassa até mesmo a concepção atual de teoria cientifica, ou seja, é possível fazer uma analise filosófica sobre a “Origem da Espécies”. Essa teoria causou grandes discussões no que cerne a formação do indivíduo como ser humano, já que não é mais de procedência divina como era considerado na tradição judaico-cristã, porém até mesmo na academia Darwin e lido de maneira equivocada porque  se criou no senso comum a idéia de que o homem veio do macaco , isso em nenhum momento Darwin diz em sua obra, logo é preciso esclarecer pormenor  aquilo que um dos grandes pensadores da historia queria dizer.
Palavras chave: teoria, descendência, espécie obra, analise, esclarecer.

1 . Introdução

Na obra a “Origem das Espécies” Charles Darwin trouxe grandes contribuições paras uma postura cientifica acerca do homem e das formas de vida que habitam o planeta, ou seja, há um desprendimento do pensamento tradicional que circundava boa parte dos naturalistas e filósofos. Ele não foi o primeiro a pensar sobre um processo que explicasse a evolução  das espécies tem-se destaque Lamarck, Erasmo Darwin e Walace este ultimo possuía uma proposta semelhante a do naturalista Inglês. Quando o termo evolução é usado corre o risco de se entender como processo que possui um objetivo final, porém em Darwin não há esse objetivo nele nenhuma evolução ocorre necessariamente porque ela foi criada para aquilo. Por exemplo observa-se de grosso modo a idéia de evolução dos “espíritos” ou almas que a cada transmigração terrena elas melhoram e podiam se tornar mais perfeitas como acreditavam alguns antigos gregos, não é essa a idéia de evolução que Darwin possui. O que interessava para ele era demonstrar como ocorria esse processo, então ele apresenta a sua mais celebre teoria, A Seleção Natural . o qual defende que a natureza seleciona os melhores e mais bem adaptados para sobreviverem e deixarem descendentes. Isso deixou serias duvidas para leitores que foram opositores a Darwin, a pergunta mais conhecida era: Como a natureza pode ter a capacidade de seleção, seria ela dotada de algum intelecto? Isso é um erro crasso cometido por aqueles que não souberam ler Darwin , porventura essa duvida surgi porque ele explica como ocorre uma seleção domestica , ou seja, seleção feita pelo ser humano , como são dotados de racionalidade as pessoas tendem a pensar que a natureza ao realizar sua seleção também use uma racionalidade, tal interpretação é um equivoco. Outro erro grave nas interpretações da obra é definir os atuais primatas como descendentes diretos dos humanos , isso não ocorreu para que isso aconteça e necessário que a espécie originaria entre em extinção.

2 . A seleção domestica e natural

Alguns acreditam que o homem teria escolhido para criar e cultivar animais e vegetais dotados de uma tendência inata extraordinária à variação e uma enorme capacidade de suportar os climas mais diversos. Não contesto que essas capacidade tenham evoluído muito em beneficio do valor da maior parte de nossas produções domesticas ; afora isso, como poderia um selvagem saber, na sua primeira tentativa de do,esticar um animal, se este apresentaria variações nas gerações subseqüentes e se teria condições de suportar outros climas? Por acaso a pequena variabilidade do asno ou da galinha-d’angola, ou a pequena tolerância da rena ao calor e do camelo ao frio , teria impedido sua domesticação? Estou certo de que se outros animais e vegetais em numero idêntico ao das nossas produções domesticas, igualmente pertencentes a diversas classes e oriundos de diversas regiões, fossem tirados da natureza e domesticados, conseguindo-se fazê-lo reproduzir pelo mesmo numero de gerações que as nossas atuais produções domesticas, sua variabilidade media seria equivalente à das espécies originais desta ultimas.
(DARWIN,1858)
Um fazendeiro que trabalha com criação de gado , com certeza para obter êxito em seus negócios não escolherá de sua criação um boi reprodutor que seja fraco e raquítico para deixar seu descendentes que certamente possuirão as mesmas características do pai , mas ele selecionará um reprodutor que seja forte, bonito e dotado de benefícios genéticos que facilite a sobrevivência e resistência do futuro rebanho, logo isso se chama de seleção domestica. O que o fazendeiro faz não é nada além de facilitar para a espécie o seu melhoramento para adaptação, não será o fazendeiro o responsável por êxito no seu rebanho uma espécie que possua tendência que lhe seja útil, mas ele apenas aproveita algo que já está proposto pela natureza. No ambiente natural as espécies também passam por uma seleção que desta vez é mais rígida e “impiedosa” com aqueles animais ou vegetais não adaptados ou preparados para suportar o processo de seleção. Na fazenda um animal, por exemplo, pode deixar de ser sacrificado mesmo não tendo as características desejadas ainda que ele esteja impedido de se reproduzir pelo fazendeiro. Na natureza esse animal será eliminado , porque não apresenta características necessárias para a sustança de sua espécie. Os fracos não resistiram aos predadores e as mudanças drásticas do clima, os feios serão desprezados na seleção sexual, as gazelas conseguem alcançar altas velocidades, por que os seus descendentes que melhor corriam conseguiam sobreviver, enquanto os fracos e debilitados entravam em extinção , o mesmo acontece com o predador só  se alimentava o que alcança-se boa velocidade caso contrario ele morria. É notório entre as aves ter-se o macho mais bonito do que a fêmea, isso ocorre porque são as fêmeas que escolhem ao machos, se ele possuir uma penugem colorida e espessa geralmente a fêmea o escolherá como parceiro, então os descendentes dos machos se forem do mesmo gênero pareceram com o pai , enquanto as fêmeas que não precisam obter tais dotes pareceram com as mães , os galos silvestres no Brasil são exemplos, enquanto a fêmea é totalmente escura o macho possui esplendida beleza.

3 . O conceito de espécie

O mesmo ocorre com as flores, as mais belas tem o seu pólen espalhados, assim como as que possui um bom odor , porque conseguem atrais polinizadores. As características de uma espécie passa para sucessora mediante as variações que ocorrem dentro da própria espécie,exemplo, para que um predador consiga segurar a presa é necessário ter um maxilar forte, se não tiver certamente morrerá, então só sobreviverá naquela espécie os que possuírem essa característica. Logo as características de variações que conseguirem se adaptar se no ambiente. É possível uma espécie que tem características de variações tão “expressiva” a ponto de sobre saírem-se  na própria espécie e transformá-la em outra. Mas o que é uma espécie?

Antes de aplicar os princípios expostos no capitulo anterior aos seres vivos que vivem em estado natural, importa examinar brevemente se esses seres estariam ou não sujeitos a transformações.  Para analisar esse assunto de maneira coerente, seria necessário apresentar aqui uma longa lista de fatos áridos e deveras cansativos, que prefiro deixar para a obra que pretendo, um dia , publicar. Também não discutirei aqui as muitas definições que já foram apresentadas quanto ao termo espécie. Nenhuma dessas definições satisfaz a todos os naturalistas, mesmo que todos tenham uma vaga idéia do que querem dizer quanto se referem a uma espécie em particular. De modo geral, do termo espécie traz em si o conceito desconhecido de um  ato criador distinto.
(DARWIN,1858)

O conceito de espécie pode ser visto sob pelo menos quatro abordagens diferentes: a essencialista, a nominalista, a tipologia e a populacional. Pela primeira, cada espécie continha uma essência própria, que a distinguia das demais; era a realidade básica da Criação, que podia conter caracteres acidentais(secundários), mas o seu fundamento e a sua realidade dependiam da “essência” que a caracterizava. A posição nominalista – que foi a adotada por Darwin a partir de 1859 – já tinha uma visão totalmente diferente: a espécies não têm existência real (não são conjuntos objetivos e naturais), mas apenas agrupamentos organizados, pelo especialista, na base de conveniência que podem variar de um para o outro; para os nominalistas, a diferença entre espécie e “variedade” depende apenas da apreciação do taxiononista. Atribuir , pois , a categoria de espécie a um táxon representa apenas dar-lhes um nome, com o qual outro especialista pode simplesmente não concordar.
(FREIRE-MAIA , 1988)

 Darwin vê a necessidade de se pensar nesse problema, porém ele não se propõe a resolver uma problemática que alcança até uma postura filosófica. Foi justamente essa falta de elucidação do que é espécie que Darwin terá opositores que não compreenderam seus enunciados. Por isso a pergunta: Quando uma espécie deixa de ser ela mesma e passa a ser considerada outra? Trouxe grandes complicações na compreensão da obra. Não tomando como relevante a proposta cientifica , o que importa aqui é o conteúdo filosófico que pode ser encontrado na obra. O ser humano como resultado desse processo de evolução também possui seus descendentes de outra espécie , então quando o ser humano se tornou humano? Em que momento as características de variações se tornaram variações da espécie humana? Essas são questões que a genética busca responder, mas não é apenas produto de pesquisa para a biologia, a áreas de humanas também se preocupam com essas perguntas a sociologia , antropologia e filosofia estão cada vez mais interessadas em buscar respostas para elaborar novas questionamentos dentro do seu próprio projeto de pesquisa. Darwin observou o comportamento de animais e identificou uma organização social dentro de grupos que vivem em colônias ou bandos , foi justamente essas observações  que contribuíram para as primeiros passos da sociologia.
Quando o naturalista se dedicou para pensar sobre os instintos, a observação que possui um significado para o ser humano, é o instinto escravizador das formigas , tal comportamento chocou muito Darwin, mesmo vivendo no século XIX período que a escravidão era aceita, ele por sua vez não aceitava nenhum tipo de pratica que se escraviza um semelhante. Baseado em observações de outros cientistas e nas suas próprias, ele constatou que havia espécies de formigas o qual escravizava formigas de outras espécies em formigueiros, além de matar e destruir os adultos que não as deixasse levar as pulpas, as formigas escravizadas viviam quando adultos como operários nos formigueiros dos inimigos. Segundo o autor a seleção natural se encarregou  de possibilitar esse instinto é provável que as primeiras pulpas roubadas de antigos formigueiros tinham como objetivo alimentar as formigas saqueadoras, algumas formigas que nasceram antes de serem devoradas começaram  a viver dentro do formigueiro como operarias, então as formigas escravizadoras obtiveram vantagens sobre as subordinadas, a seleção natural se encarregou de fixar esse instinto nas formigas escravizadoras. Vê-se a Lei Natural na formação desses formigueiros, será que essa Lei dos mais fortes e bem adaptados influenciaram significativamente na formação social do ser humano , quais as interferências que o instinto causou na sociedade? Na obra Darwin não se faz essa indagação , mas como o ser humano é resultado desse processo evolutivo ele não poderia está excluído dessa pergunta. Mais tarde as considerações feitas acerca do pensador influenciaram fortes construções acerca da formação social, como aquela que de certa forma é regida sobre alguns aspectos das Leis Naturais , não será a toa que surgirá o pensamento equivocado de raças superiores dentro do próprio grupo de seres humanos , por isso que alguns nazistas usavam um paquímetro para medir o tamanho do nariz, orelha e crânio , supondo aqueles que não tivessem as medidas necessárias seria considerados raças inferiores aos arianos, isso obviamente foi refutado na contemporaneidade pela própria ciência , já que ela rejeita a idéia de raça entre seres humanos.

4 . Considerações Finais

Desde sua publicação no século XIX , “A Origem das Espécies”, provocou grandes discussões na sociedade tanto nos tempos de Darwin como hoje, essa teoria trouxe novas perspectivas nas tentativas de explicar o que é o ser humano, como aquele desprovido agora de uma extrema excelência na natureza, sendo assim ele não será mais enxergando como fora dela , mas como parte integrante da natureza. Áreas que ganharam mais forcas em suas pesquisas são a geologia, paleontologia e antropologia, está ultima trará informações sobre os “primeiros passos” da formação humana, será no século XX que terá inicio as grandes expedições que visavam encontra especificamente na África , os elos perdidos da evolução, muitos paleontólogos encontraram ossadas de hominídeos, ancestrais do homem dentre esses os mais conhecidos como os neanderthalensis, eretus e australopitecus africanus. Darwin não saiu no interior da África para procurar fosseis do homem e nem ao redor do mundo para buscar fosseis de outros animais através de seu método de indução presente na ciência ele conseguiu elaborar uma teoria que apresenta-se soluções aos problemas encontrados na evolução, suas observações foram muito importante para uma concepção mais cientifica da evolução, algumas hipóteses dentro da teoria de Darwin foram corroboradas ou refutadas mediante a descoberta da genética dentre uma das constatações dentro da genética é que o ser humano é resultado de um processo evolutivo, falta agora definir pormenor como ocorreu esse processo , tentativa de Darwin fez, mas devido a falta de recursos e pesquisas mais aprofundadas ele obteve uma dificuldade para as suas constatações, porém foi ele o responsável pela biologia moderna sem ele essa concepção poderia ter surgido com certo atraso. Hoje a genética também faz toda releitura da obra na perspectiva da teoria da seleção natural , será essa a única forma para que as espécies possam evoluir? O próprio Darwin reconhecia que não , devido sua forte ligação com o lamarckismo, proposta que vem chamando a atenção de filósofos e cientistas.




Bibliografia

Darwin, Charles Robert ; A Origem das Espécies. Tradução : John Green. Editora: Martin Claret – São Paulo , ano 2008.

Freire – Maia, Newton; Teoria da Evolução : de Darwin à teoria sintética/ Newton Freire-Maia. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: editora da Universidade de São Paulo, 1988.





[1] Estudante de filosofia na disciplina hermenêutica da UFMA.

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